JANEIRO
Foi quando Janeiro chegou, que um calor destemperado, mostrando lindas folhas brotadas pela primavera, me disse algumas verdades.
Convenceu-me de que o mar começaria a apresentar metamorfoses azuladas. Que as ondas levantadas por ele daria lições de que as coisas nem sempre ficam no mesmo lugar.
E que é preciso aceitar que, da mesma forma que as ondas só diminuem sua força depois que as espumas se vão, devo ser forte até o momento final.
Foi quando Janeiro chegou se foi que a alegria me convidou para uma conversa. E me contou de tempo de chegadas.
E me disse que o barulho das ondas do mar tinha algo a dizer sobre lutas e vitórias.
E eu fiquei pensando como elas, as ondas, aceitam as estações que, se as tranquilizam, também as tornam poderosas.
Mas tudo a seu tempo.
Foi em Janeiro que descobri que há muito não ouço falar de um cachorro louco e que não precisamos mais lançar uivos ao vento.
É nossa tranquilidade particular que nos permite encarar sua vinda e ter flexibilidade quanto às certezas.
O mês de Janeiro tem muito a ensinar. Porque Janeiro é também mês JArdiNEIRO, é dentro dele, berço do verão, que as sementes se transformaram em plantas robustas. Dando adeus ao seu tempo de brotar.
Janeiro é guardador da boa-nova.
Janeiro é quando Deus deixa a natureza traduzir visivelmente o resultado das mutações.
Permaneça, diz janeiro, não somos mais sementes.
Aceite, diz janeiro, com seu jeito quente e de vento caloroso que levanta poeira e a faz abrilhantar o céu.
Diz Janeiro, relaxe ao sol e relembre tudo aquilo que você fez de bom no inverno, aquecendo sua alma e outros corações com abraços mais apertados.
É tempo de se preparar para o outono.
E, do outono, todos sabemos o que esperar: Uma nova primavera e um novo e lindo verão.
Vamos apreciar Janeiro, recebê-lo sem espanto, com a felicidade de quem relaxa nas areias da praia ou brinca nas ondas do mar.
Que ele levante as ondas do mar e nos leve até lá.
ceite as esperas e não coloque apenas floreiras na janela.
Só quem vive bem os Janeiros é merecedor da primavera.
J.A. Hempel